terça-feira, 27 de abril de 2010

Algumas matérias nos noticiários nos passam despercebidas, ainda mais se tratando de economia. Pouco importa para o cidadão comum muitas das especulações do mercado financeiro ou ainda certa política econômica adotada pelo governo, desde que seu emprego seja mantido e o preço do feijão não dispare.Porém, um assunto de vital importância para ele é, mesmo sem saber, a questão da concorrência dentro de uma economia capitalista e como ela é defendida.


A defesa da concorrência é muito importante para a sociedade, pois ela tem a capacidade de gerar um bem-estar agregado.Com a livre concorrência, existe uma maior eficiência econômica setorial , trazendo preços baixos e maior qualidade para os produtos, além de propiciar maiores opções de escolhas para o consumidor e estimular inovações tecnológicas.Isto se explica pela constante necessidade dos produtores tornarem seus processos e produtos mais eficientes e baratos para não perderem espaço em um mercado competitivo.

No Brasil, esta defesa é feita pelo CADE - o Conselho Administrativo de Defesa Economica. Este órgão foi criado em 62, porém passou a deter maior autonomia em 94, quando foi transformado em Autarquia.Basicamente, ele atua de tres modos: de forma preventiva, com imposições a fusões e parcerias possivelmente prejudiciais a concorrência; de forma repressiva, multando empresas que praticam cartel,venda casada ou preço predatório; ou ainda promovendo a concorrência, com palestras educativas e cartilhas de conduta.

Uma caso interessante envolvendo o CADE ocorreu no fim da década de 90. Na época, a Colgate, fabricante de pastas de dente, havia adquirido a concorrente Kolynos. O CADE entendeu isto como prejudicial a concorrência no setor, e impôs algumas restrições ao acordo. Foi dado duas opções a Colgate: ou licenciava a marca Kolynos para outra empresa, detendo somente suas fabricas, ou não utilizava a marca Kolynos durante 5 anos, pois provavelmente surgiria, como surgiu ( a Sorriso ) uma concorrente capaz de competir com a Colgate. Pois bem, a empresa então optou pela segunda opção. Porém, até hoje, uma década depois, a marca comprada não foi relançada no mercado.

Existem outros casos famoso, feito a aquisição da Antartica pela Brahma, formando o monstro AmBev, ou ainda a fusão da Perdigão com a Sadia.

Entretanto, a busca do poder econômico pelas empresas, através do crescimento interno, não deve ser reprimido pelo Estado, pois este é regulado pela livre concorrência nos mercados. O que deve ser coibido é o uso deste poder econômico para dominar mercados de forma ilegal, aumentar arbitrariamente lucros e prejudicar a livre concorrência. Neste caso, a empresa estaria colocando em risco o bem-estar agregado formado pelo mercado competitivo e até mesmo se prejudicando a longo prazo, pois sem concorrência, esta empresa se ''acomodaria'' e não melhoria em nada seus processos e produtos, ficando obsoleta.